Entenda como perfurar um Poço Artesiano

“Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia”. (Art. 3º da Declaração Universal dos Direitos da Água). Com base na premissa, este artigo irá mostrar como deve ser realizada a perfuração de um poço artesiano de forma segura e profissional.

De acordo com a história, há cerca de 5.000 anos a.C., os chineses já sabiam como perfurar poços artesianos.

Em companhia dos persas, eles dominavam as principais técnicas envolvidas no processo de escavação de poços, com o objetivo de aproveitar a abundância de água dos aquíferos das regiões inóspitas e desoladas do planalto tibetano.

Os poços artesianos têm esse nome em homenagem à cidade de Artois, na França, o local onde, em pleno séc. XII, foi utilizada, pela primeira vez, a moderna técnica de perfuração do solo, em substituição à milenar — e à época ultrapassada— técnica de escavação.

Os poços artesianos são aqueles cuja perfuração faz brotar a água naturalmente.

Tecnicamente, o processo consiste em realizar perfurações nos solo, em direção aos aquíferos, de forma que a água jorre naturalmente pela saída do poço, graças à pressão exercida de baixo para cima. Durante a operação, são utilizadas máquinas perfuratrizes, capazes de atingir grandes profundidades de forma rápida e segura.

Atualmente, os poços artesianos são uma realidade em todo o mundo. No Brasil — uma terra caracterizada pelos desafios impostos pelo clima — o governo pretende construir cerca de 2.500 poços só na região Nordeste, até o final de 2018, segundo o atual ministro da Defesa, Raul Jungmann.

Quais os equipamentos que devem ser usados?

No Brasil, devido aos seus contrastes climáticos, em muitas regiões, os indivíduos naturalmente aprendem como perfurar os seus próprios poços artesianos. Eles aproveitam as leis da física que, nesse caso, favorecem o bombeamento natural da água encontrada até a saída do poço.

No entanto, as técnicas mais modernas exigem a utilização de esquemas de bombeamento, por meio de bombas injetoras, submersas, por compressor, manuais, centrífugas, entre outras, cujo mecanismo principal são as tubulações edutoras, capazes de transportar a água captada até a saída do poço, e de lá até a central de armazenamento.

A bomba mais utilizada no Brasil é a submersa. Geralmente, ela é a escolhida para o bombeamento com vazões entre 2.500 e 3.000litros/hora. O seu funcionamento ocorre por meio da energia elétrica, e é bastante eficiente para perfurações com profundidades variadas.

Consumo de água do poço artesiano

Diferentemente do que muitos imaginam, o fato da água se apresentar inodora e transparente não necessariamente significa que ela está em boas condições para o consumo. Pode ser que haja a necessidade de algum tipo de tratamento simples, como a filtragem ou a adição de 2% de hipoclorito de sódio (água sanitária) para cada litro de água.

Porém, de acordo com profissionais de engenharia, a grande arma contra a contaminação da água proveniente de poços artesianos é o cuidado e a perfeita observância das técnicas utilizadas durante a operação. Dessa forma, é praticamente garantida a obtenção de água com boa qualidade, que dispensa a adição de produtos químicos.

Apesar disso, não é escusada a utilização de técnicas como a da cloração, por exemplo. Ela pode ser utilizada por meio da simples adição do cloro dentro do reservatório antes de receber a água proveniente do poço artesiano.

Assim como é necessário saber como perfurar corretamente um poço artesiano, é importante conhecer a qualidade da água que vem dos lençóis subterrâneos.

Tempo de perfuração e custo

Dúvidas comuns na cabeça das pessoas que desejam saber como perfurar um poço artesiano têm a ver como o tempo gasto e os custos envolvidos nesse tipo de operação.

O que os profissionais do ramo afirmam é que o tempo de perfuração depende muito do tipo de solo e da máquina perfuratriz utilizada.

Solos sedimentosos são mais sensíveis e, por isso, a perfuração é mais demorada. Enquanto as rochas cristalinas suportam melhor a ação das máquinas e, por conseguinte, exigem menos tempo de trabalho.

Com relação às máquinas, uma perfuratriz rotativa não exigirá mais do que 2 dias para o término da obra. Enquanto as perfuratrizes do tipo percussão levarão um tempo entre 8 e 10 dias.

O recomendado é que se trabalhe com uma média de 8 dias para cada operação, a fim de evitar expectativas frustradas.

Quanto aos custos da operação, eles variam muito de acordo com o equipamento utilizado. Porém, em uma conta rápida, os custos da perfuração de um poço artesiano profissional podem facilmente chegar a um valor entre R$20 mil e R$30 mil, enquanto os semi-artesianos, por utilizarem equipamentos mais simples, podem ser perfurados por um valor entre R$ 4 mil e R$ 6 mil.

Quais as autorizações necessárias para ter um poço?

A Constituição Federal Brasileira, em seu Capítulo III, “Dos Estados Federados”, Art. 26, é categórica: “Incluem-se entre os bens dos Estados: I – as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União”.

A água, portanto, é um bem público, pertencente aos estados e à União. Com relação às águas existentes no subsolo, a legislação brasileira determina que elas sejam propriedade dos estados.

Já quando se trata do aproveitamento das águas do subsolo pelo homem, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) é quem tem o poder de determinar como devem ocorrer a sua exploração e a sua utilização, além de conceder as autorizações necessárias.

É importante, ainda, que se saiba que não há como realizar perfurações de poços artesianos de forma legal sem que antes haja o aval da Agência Nacional de Águas (ANA), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, com a prerrogativa de emitir concessões que dão direito ao uso dos recursos hídricos que estão sob o domínio da União.

Logo, a perfuração de poços artesianos deverá, necessariamente, passar pelas seguintes fases:

  • Escolha de uma empresa profissional, com boa reputação e registrada no CREA;
  • Um estudo das características do solo a ser perfurado;
  • Obtenção das autorizações dos órgãos competentes;
  • A perfuração propriamente dita;
  • Licença para a utilização dos recursos hídricos do local.

Quais cuidados devem ser tomados na manutenção?

Basicamente, os problemas que podem suceder à perfuração de um poço artesiano são os seguintes:

1. A bomba não funciona

No caso, pode ser um curto circuito no quadro elétrico ou algum dano na bomba. O recomendado é verificar se há corrente elétrica alimentando a bomba, ou então buscar a ajuda de um técnico para a verificação de toda a parte elétrica.

2. Perda progressiva de vazão

Também é possível que uma obstrução nos filtros e tubulações ou uma queda natural da vazão dos aquíferos estejam por trás do problema. Aqui, o recomendado é testar, e, se necessário, realizar a troca ou o conserto da bomba, além de efetuar a limpeza do poço e a sua reavaliação.

3. Águas escuras

Não é incomum, com o passar do tempo, que a água proveniente do poço apresente uma certa turbidez. Isso pode ser sinal de danos na estrutura do poço ou mesmo um comprometimento da qualidade da água.

No primeiro caso, pode ser que tenha havido um desmoronamento da estrutura que o cerca, tubulação e filtros danificados, entre outros problemas, que podem ser resolvidos com cimentações e reforço no seu revestimento interno.

No caso de águas escurecidas, pode ser necessária uma limpeza e recondicionamento da água, instalação de sistemas de tratamento, manutenções por meio de cloração ou clarificação, entre outras providências.

O que você achou deste artigo? Aproveite para contar sua experiência com perfuração de poços artesianos. E acompanhe sempre as atualizações do blog para se manter informado sobre temas como este.

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